09 agosto 2009

PAI

Eu ainda era botão
você já preparava
meu caminho
Deixando-me livre
dos espinhos...

Depois virei rosa
você protegia
minhas pétalas
Deixando-me apenas
o perfume...

Agora, brilha no céu
Vigiando meu jardim.

(Sirlei L. Passolongo)

03 agosto 2009

O Mundo não é maternal...

(texto de Martha Medeiros)


É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto.
Quando se é adolescente pensa que viveria melhor sem ela, mas é erro de cálculo.
Mãe é bom em qualquer idade.
Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.
O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome. Não liga se virarmos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos.
O mundo quer defender o seu, não o nosso.
O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro.
Quer que a gente case logo e compre um apartamento que vai nos deixar endividado por 20 anos. O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro,
que a gente tenha boa aparência,
e estoure o cartão de crédito.
Mãe também quer que a gente
tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, com os nossos dentes
e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba.
O mundo nos olha superficialmente.
Não consegue enxergar através.
Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento.
O mundo quer que sejamos lindos,
Sarados e vitoriosos, para enfeitar ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta.
O mundo não tira nossa febre,
não penteia nosso cabelo,
não oferece um pedaço de bolo feito em casa.
O mundo quer nosso voto
mas não quer atender nossas necessidades.
O mundo, quando não concorda com a gente,
nos pune, nos rotula, nos exclui.
O mundo não tem doçura, não tem paciência,
não pára para nos ouvir.
O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada
dos nossos medos de infância,
das nossas notas no colégio,
de como foi duro arranjar o primeiro emprego.Para o mundo, quem menos corre, voa.
Quem não se comunica se trumbica.
Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
O mundo não quer saber de indivíduos,
e sim de slogans e estatísticas...
Mãe é de outro mundo.
É emocionalmente incorreta:
exclusivista,
parcial,
metida,
brigona,
insistente,
dramática,
chega a ser até corruptível
se oferecermos em troca alguma atenção.
Mãe sofre no lugar da gente,
se preocupa com detalhes
e tenta adivinhar todas as nossas vontades,
Enquanto que o mundo propriamente dito
exige eficiência máxima,
seleciona os mais bem dotados
e cobra caro pelo seu tempo.
Mãe é de graça!!!