26 julho 2009

EU POSSO

Mesmo que o mundo caísse e sobre nós explodisse destruindo o que era nosso,
EU POSSO...
Mesmo que eu me desabasse e nada mais me sobrasse senão ver tudo em destroço,
EU POSSO...
Mesmo que abismos medonhos enterrem todos os meus sonhos nas profundezas de um fosso,
EU POSSO...
Mesmo que todas pessoas neguem minhas coisas boas, nem por isso eu me alvoroço,
EU POSSO...
Mesmo que a fome do mundo caia em mim neste segundo, ainda assim hoje eu almoço,
EU POSSO...
Mesmo que a minha doença seja grave, de nascença, pelo poder do Pai-Nosso
EU POSSO...
Mesmo que um grande fracasso queira barrar o meu passo, eu não paro e não acosso,
EU POSSO...
Mesmo que eu seja um vencido muito cedo envelheço, eu subo, eu sigo, eu remoço,
EU POSSO...
Eu posso renascer agora,
eu posso refazer a aurora...
Eu posso iluminar o meu caminho,
eu posso dar a mão ao meu vizinho...
Eu posso beijar o esfarrapado como beijo as flores deste prado...
Eu posso ter um mundo de riqueza, eu posso ver a Deus na natureza....
Eu posso encher de amor o coração, e fazer desta vida uma canção....
Eu posso --e sei que eu preciso -- fazer da vida um paraíso...
Eu posso - é a força da energia que explode em mim e se irradia...
Eu posso - é a oração da Divindade que produz em mim a realidade....
Eu posso erguer os olhos para o céu e ver tudo branco como um véu....
Eu posso reconstruir a minha casa eu posso ter tudo o que me apraza....
Eu posso renovar a minha saúde, pois na vida não há nada que não mude...
Eu posso -- é a oração bendita da minha força infinita...
Eu posso perdoar meu inimigo porque vem a mim tudo o que eu bendigo...
Eu posso fazer da vida uma festa por todo o tempo que me resta....
EU POSSO...
EU POSSO...
EU POSSO...
VOCÊ PODE...NÓS PODEMOS ....!

Pedro Bial

Escolhas de uma vida
A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões". Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.

Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção,estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".

Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.

As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua...!

As boazinhas que me perdoem

Qual é o elogio que uma mulher adora receber? Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns 700: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais.
Diga que ela é uma mulher inteligente e ela irá com a sua cara.
Diga que ela tem um ótimo caráter,além do corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número.
Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito,da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.
Mas não pense que o jogo está ganho: manter-se no cargo vai depender de sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta.
Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que ela é um avião no mundo dos negócios.
Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical.
Agora, quer ver o mundo cair?
Diga que ela é muito boazinha. Descreva aí uma mulher boazinha. Voz fina, roupas pastéis, calçados rentes ao chão. Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana. Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor. Nunca teve um chilique. Nunca colocou os pés num show de rock. É queridinha. Pequeninha. Educadinha.
Enfim, uma mulher boazinha.
Fomos boazinhas por séculos. Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas. Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos. A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho. Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa.
Quietinhas, mas inquietas.
Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas. Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais. Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen. Ser chamada de patricinha é ofensa moral. Pitchulinha é coisa de retardada.
Quem gosta de diminutivos, definha. Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa. Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. As boazinhas não têm defeitos. Não têm atitude. Conformam-se com a coadjuvância.
Ph neutro.
Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.

Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje. Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos. As inhas não moram mais aqui. Foram pro espaço, sozinhas.

[Martha Medeiros]

Escolhas

Para valer a pena, tem de dar trabalho, tem de ser difícil, tem de demandar esforço?
Até admito que exista certa verdade nesta teoria, especialmente se considerarmos que sonhos e objetivos requerem esforços específicos, muitas vezes. Porém, há uma enorme diferença entre ‘dedicar-se com afinco’ e ‘ficar dando murro em ponta de faca’, ainda mais quando furar as mãos está a serviço de lustrar o ego.
Apostar em situações onde quase tudo está se mostrando desfavorável e contrário aos nossos esforços pode até ser uma escolha admirável quando a gente sente que realmente vale a pena arriscar e persistir, mas até neste caso é preciso que haja um limite.
Se estamos sempre perdendo o interesse quando a conquista está fácil e se excitando quando está difícil, é hora de refletirmos sobre o que é que estamos querendo provar para nós mesmos ou para os outros: que somos capazes de atingir nossos objetivos custe o que custar?
Porque se for isso, estamos seguramente nos deixando dominar por um ego infantil e tolo. Enganados sobre o que seja determinação. E aí... se conseguimos, em geral terminamos descobrindo que não é bem isso o que desejávamos! O ‘prêmio’ perde a graça e a dinâmica recomeça...
Feito crianças mimadas, descartamos o que temos e corremos atrás do que não temos, presos a uma rotatória que não nos leva a lugar algum. Por fim, perdemos a chance de alcançar objetivos e realizar sonhos que realmente nos preencheriam e desperdiçamos tempo demais com o que não passa de um capricho.
...chegará o momento em que você já não saberá o que realmente quer. Tudo vira guerra, competição, disputa... Contra quem?!? Contra si mesmo, contra sua teimosia e seus enganos. E assim, não importa o que você ganhe, pois terminará sempre com a sensação de que falta algo...

Doidas e Santas

Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar o nosso poder de sedução para encontrar the big one, aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá prá ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar loura e cafetina, ou sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos.

Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota.

Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só se for louca de pedra.

(Martha Medeiros)

HOUVE UM TEMPO......

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que as coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para vê-las assim.